Opinião literária: "Jogo de Mãos" de Nora Roberts

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Opinião literária:

A minha leitura de "Jogo de Mãos" de Nora Roberts, apesar de ser intensamente aconselhada uma amiga adoradora da autora, que nomeadamente me emprestou o livro (obrigada pelos empréstimos desde já Ne :P) foi, de certo modo, um tiro no escuro. Confesso que não sou nem nunca fui uma leitora assídua do que eu chamo "Romances romélicos" mas já ando no mundo da leitura e literatura há algum tempo para saber que aqui, o que se conhece é o que se lê, e o que não se lê não se conhece (e pouco legítima é a opinião de quem não lê). Assim, resolvi dar o tal "tiro", porque afinal não tinha nada a perder.

O livro conta a história de Luke Callahan, um rapaz maltratado e agredido, que é calorosamente acolhido pelo ilusionista Max Nouvelle e pela sua família. Para além de ilusionista, Max é também um ladrão de jóias, transmitindo os seus conhecimentos a Luke e à filha Roxanne, que, sem se aperceberem bem como, se vêem envolvidos numa história romântica com muitas reviravoltas.

A premissa do livro é, na realidade, bastante simples, e, por si só, o enredo também. O seu ponto mais forte é, sem dúvida, a linguagem simples e leve mas coberta de belas descrições e de uma fluente narração dos factos. Não se pode negar que Nora Roberts tem um belo sentido linguístico e consegue, com uma única descrição, deleitar os leitores amantes do género.

As personagens, por outro lado, sofrem da carência de algo. E aqui o meu palpite mais "forte" vai para a carência de atenção. De facto, é dada tanta importância a Luke e a Roxanne (que por si só têm personalidades muito vincadas e semelhantes, o que terá dado - digo eu - muito menos trabalho a Nora Roberts) em toda a narrativa, que as outras personagens são um pouco deixadas de lado, não tanto em quantidade de referências mas em originalidade. Falta às personagens secundárias um qualquer Q, que torne cada uma delas especial e particular, acabando estas por se fundir no fundo da tela, sem sobressair por si só.

Não fiquei também satisfeita com a pouca capacidade de pesquisa da autora reflectida no Romance. Na realidade confesso que, ao ler a sinopse do livro e tendo visto a sua temática, esperava muito mais da imaginação da autora em relação aos assaltos, ao seu planeamento e, particularmente à sua execução. O resultado lido foi desolador. Um assaltos são, na verdade, demasiado fáceis e demasiado aborrecidos e demonstram grotescamente a incapacidade de pesquisa da autora (não que se pudesse esperar mais, vindo de uma autora que escreve cerca de 3 livros por ano).

Em suma, é um livro medianamente interessante, bom na sua categoria e tendo em conta os objectivos a que se propõe (narrar a história de Luke e Roxanne). É, no entanto, uma pena que Nora Roberts não aproveite as suas capacidades linguísticas (que as tem) para escrever um livro cuidadosamente ponderado e amadurecido em vez de um best-seller fácil.

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